Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...
E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: - Nem fo....den...do!
(Luís Fernando Veríssimo )
Simpatia, beleza, alegria de viver, meio cheio, postura, opinião, doçura, delicadeza, força, contradição, personalidade, atenção, diversão, Arte.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
terça-feira, 26 de junho de 2012
segunda-feira, 18 de junho de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
sexta-feira, 27 de abril de 2012
mulher ao espelho
Hoje que seja esta ou aquela, Por fora, serei como queira
pouco me importa. a moda, que me vai matando
Quero apenas parecer bela, Que me levam pele e caveira
pois, seja qual for, estou morta. ao nada, não me importa quando.
Já fui loura, já fui morena, Mas quem viu, tao dilacerados,
Já fui Margarida e Beatriz. olhos, braços e sonhos seus
Já fui Maria e Madalena. e morreu pelos seus pecados,
Só não pude ser como quis. falará com Deus.
Que mal faz, esta cor fingida Falará, coberta de luzes,
do meu cabelo, e do meu rosto, do alto penteado ao rubro artelho.
se tudo é tinta: o mundo, a vida, Porque uns expiram sobre cruzes,
o contentamento, o desgosto? outros, buscando-se no espelho.
(Meireles, Cecília. Poesias completas.
Rio de janeiro: civilização brasileira, 1973)
sábado, 21 de abril de 2012
sexta-feira, 30 de março de 2012
Pratique o Desapego
"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira."
- Fernando Pessoa
No final de tudo, só o que nos resta é ser feliz...
quarta-feira, 28 de março de 2012
segunda-feira, 26 de março de 2012
Tatuagem - Chico Buarque
Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...
Feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...
E também pra me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...
Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...
E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...
Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...
Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...
Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...
domingo, 11 de março de 2012
Vida
Sei que ela começa simples, e termina complicada, ou começa
complicada e termina simples, ou os dois. Sei que ela é difícil, mas é bonita.
Pode ser escura, mas ela brilha, ah se brilha. É malvada, mas perdoa, e fica
tudo bem. Sei que ela surpreende, faz chorar, faz crescer. Faz amar. Não sei se é eterna, mas sei que é eternamente
minha.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
“Lá
está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela
não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de
sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas
coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue
nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”
Caio
Fernando Abreu
Assinar:
Postagens (Atom)